uma coisa que falo a muitos anos e @renantomazini é testemunha disso, é que o sistema de ensino de forma geral estimula a síndrome do impostor quando sistematicamente desvaloriza a produção de estudantes, tipo aquele monte de trabalho valendo 0.03 na nota. o que coisas assim comunicam é que seu trabalho, seu tempo que poderia ser cuidando de si ou com a família ou com amigos vale apenas isso para a universidade.
indo além: quando você faz uma iniciação científica ou monitoria voluntária se agarrando na promessa que isso vai ser a diferença no seu curriculo num concurso ou seleção para uma pós, tá ligade que isso é só uma promessa para você trabalhar de graça?
professores têm entre as atribuições do trabalho como concursados fazer pesquisa e extensão e há bônus de produtividade, para estudantes, não há nada além de certificados para colocar no lattes.
Dá para entender só do que falei até agora como isso tem relação com a precarização do trabalho? como em estudantes há a formação de um entendimento que seu trabalho não vale nada, que só uma menção é o suficiente, que não é digno de ganhar dinheiro e sobreviver de seu trabalho?
lembro de um texto que o @cochise tinha compartilhado certa vez comparando a carreira no tráfico de drogas e a carreira acadêmica, como tanta produção dos poucos que se mantém como professores é sustentada por muita mão de obra pouco ou nada remunerada na promessa de um futuro melhor, é bem sobre isso
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@fractal @renantomazini A minha experiência acadêmica sempre foi o contrário, com poucos trabalhos valendo muito ponto. Tem o lado ruim, que você não pode se dar ao luxo de ir mal em um deles, mas prefiro essa abordagem. Teve uma disciplina que o professor pediu uma resenha a cada aula, e o conjunto delas (umas 15) valeria 20 pontos em 100. Fiz as contas e não fiz nenhuma depois da primeira, contanto que conseguiria passar com os outros 80% dos pontos.
Acho essa lógica de muito trabalho picadinho horrível, e acho que a @gabs concorda.
Vejo os professores que pedem isso como pessoas que não refletiram sobre as condições desses trabalhos serem feitos e os benefícios pedagógicos deles. Existe uma síndrome de professor universitário que é a de achar que os estudantes só fazem a disciplina deles. Ou subestimar em muito o esforço necessário para realizar esses trabalhos.
P.S.: Acho que texto mencionado é esse.
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@cochise @renantomazini @gabs
esse texto mesmo, achava que citava Bordieu mas tava em dúvida e citava ele mesmo
uma coisa que tenho pensado é pesquisar editais da prefeitura e pensar em projetos (até empresa junior se for necessário) que garanta a remuneração de estudantes pelo trabalho, tá muito difícil conseguir bolsas e monitoria é algo que não vale a pena porque professores acham que monitores são seus funcionários, servindo como assistentes/estagiários enquanto os alunos são obrigados a perder outras aulas (nada de falta justificada ou qualquer outra compensação) e ainda é tudo de forma voluntária. eu soube essa semana que no departamento, os professores e gestores estavam querendo aumentar a carga horária das monitorias
mesma coisa com iniciação científica, todos da minha turma que conseguiram alguma iniciação científica foi sem bolsa e de forma geral, estão trabalhando como estagiários de pesquisa também só que com mais obrigações e ainda menos autonomia
a situação é absurda e todos se vêem na obrigação de fazer muita coisa porque a carga horária de atividades para a conclusão do curso também é alta (a cada 240 horas, apenas 90 horas são integralizadas numa iniciação científica e precisa ter no mínimo 120 horas de atividades no total)
essas coisas têm me feito pensar muito na saúde mental das pessoas e para mim, tudo tá gritando precarização (e trabalho em condições análogas à escravidão)
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@fractal @renantomazini @gabs Essa questão de contabilizarem as horas complementares como míseras frações é algo que me incomoda demais. Até porque isso é um meio de burlar uma resolução do CNE que coloca como máximo de atividades complementares 20% da carga horária do curso.
http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/2007/rces002_07.pdf
Parágrafo único. Os estágios e atividades complementares dos cursos de graduação, bacharelados, na modalidade presencial, não deverão exceder a 20% (vinte por cento) da carga horária total do curso, salvo nos casos de determinações legais em contrário.
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@cochise @renantomazini @gabs você acabou de me ajudar a definir uma estratégia para fazer pressão no pleno do departamento em favor da diminuição da carga de atividades e trabalho dos estudantes
valeu mesmo :GalaxyBlobLike:
(o presidente do DA é bem arregão e meio medroso, mas ele tem sorte que não estou no DA, na verdade ele fez uma manobra para eu não fazer parte, e não tenho compromisso algum em seguir qualquer determinação do diretório acadêmico)
tô vendo tanta coisa me revoltando que tô querendo fazer o departamento pegar fogo ano que vem
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@fractal @renantomazini @gabs que bom que deu para ajudar.
Na minha graduação li mais dessas resoluções do que gostaria por conta de disputas de outros temas, mas ainda lembro de alguma coisa delas.
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